DEHP
DI(2-ETILHEXIL) FTALATO

Efeitos tóxicos
A incorporação de plastificantes e outros aditivos têm promovido a versatilidade de materiais plásticos que, quando combinados com o baixo custo de produção, levam à produção em massa de plástico – superior a 300 milhões de toneladas em 2010. O DEHP é um composto exógeno que interfere com a homeostasia hormonal através da interação com recepores nucleares, recetores hormonais, recetores órfãos ou modificando as vias enzimáticas envolvidas na biossíntese ou metabolismo de esteróides [28].
Uma exposição aumentada ao DEHP tem sido associada a consequências adversas para a saúde nos seres humanos, incluindo:
Devido às suas propriedades de desregulação endócrina, o DEHP tem sido associado a um risco de carcinogenicidade, toxicidade reprodutiva e de desenvolvimento [28].

Toxicidade cardíaca
Evidências sugerem uma ligação entre a exposição a estes compostos e consequências adversas à saúde humana, incluindo complicações cardiovasculares devido à sua toxicidade cardíaca. Estudos epidemiológicos têm mostrado correlações positivas entre a exposição ao DEHP e a doença coronária arterial, a hipertensão, a aterosclerose e o enfarte do miocárdio, sendo particularmente preocupantes em pacientes que estão mais suscetíveis a perturbações cardíacas, como é o caso dos recém-nascidos e das crianças, dos idosos e de pessoas com doenças cardíacas pré- existentes.
Estudos in vitro relataram efeitos adversos da exposição ao DEHP na função dos cardiomiócitos uma vez que este conduziu a uma diminuição dependente da concentração na velocidade de condução e a uma modificação da condução eléctrica cardíaca em corações isolados perfundidos em ratos (diminuição da frequência cardíaca e prolongamento dos intervalos PR e QT).
Níveis elevados de ftalatos urinários têm sido associados ao aumento da pressão arterial nos adolescentes e ao aumento do risco coronário em idosos. Uma associação significativa entre níveis urinários elevados de MEHP e os níveis de colesterol LDL tem sido relatada, no entanto nenhuma associação foi relatada com a pressão arterial. Também se encontrou uma associação positiva entre os níveis urinários de MEHP e a ecogenicidade das placas vasculares, que são indicadores que prevêem morte cardiovascular no futuro. Estudos prospetivos que avaliem as alterações da pressão arterial, bem como a inclusão de índices de fisiologia cardíaca (ecocardiografia e eletrocardiografia) seriam benéficos para a melhor compreensão dos efeitos do DEHP no coração [26,27].
Toxicidade reprodutiva
Pesquisas recentes indicam que o feto humano pode começar a ser exposto aos ésteres de ftalato ainda no útero [29]. A lixiviação dos ftalatos é uma fonte de preocupação para a saúde das crianças, sobretudo das que se encontram nas unidades de cuidados intensivos neonatais. A primeira razão para tal facto passa pelos procedimentos realizados nos neonatos submetidos a múltiplas intervenções médicas, durante um período de tempo prolongado, que recorrem ao uso de tubos flexíveis e fluidos para transfusões armazenados em bolsas de plásticos. Várias intervenções médicas podem resultar na exposição elevada ao DEHP e estima-se que os pacientes das unidades de cuidados intensivos neonatais têm uma exposição 26 vezes maior aos ftalatos em comparação com uma criança com exposição ambiental. A segunda razão é a reduzida via de glucuronidação, que não está totalmente desenvolvida em crianças pequenas. Uma vez que a glucuronidação facilita a excreção urinária dos ftalatos e de outros xenobióticos, o subdesenvolvimento desta via aumenta o tempo de exposição devido à excreção lenta [28,29].



